Crimes hediondos sempre aconteceram e não vão deixar de ocorrer de um dia para o outro. Mas quais fatores o fazem ocorrer? Qual a punição mais justa?
Matthew Poncelet, acusado de estupro seguido de um assassinato, residia no corredor da morte de uma penitenciária americana. Este era um jovem nascido e criado em uma família simples, porém honesta. Não sofreu traumas de infância que pudessem justificar suas atitudes futuras. O prisioneiro passou a se corresponder com a irmã Helen Prejean, uma freira de família rica, com bons valores. Uma pessoa abdicada do conforto e facilidade, comum entre os mais afortunados, resolveu viver entre os mais humildes fazendo a chamada “caridade”. Nos primeiros encontros Helen encontrou um homem agressivo e com um ódio incomum, sempre dizendo ser inocente. Sua execução estava cada vez mais próxima, apressada por questões políticas e raciais. Matthew assume ter compartilhado o crime, mas apenas como espectador, não atuante. A trama nos faz torcer para que isso seja verdade, ainda que isso não o isente de toda a culpa. Como conselheira espiritual, Helen busca uma redenção em forma de arrependimento por parte do condenado. Mas de maneira arrebatadora, o diretor Tim Robbins nos surpreende quando nos instantes finais de sua vida, Matthew não apenas se arrepende, como assume ter cometido o estupro e atirado na nuca do rapaz. Na realidade, faz mais do que isso: pediu perdão aos familiares das vítimas esperando que sua morte os confortasse e finalmente passa a grande mensagem do filme, de que as pessoas que o executaram naquele instante não se tornaram melhores, mas se igualaram a ele, num processo tão cruel quanto o que ele fez com os dois jovens.
O grande feito da irmã Helen foi ter resgatado a dignidade de Matthew antes da morte e ter buscado sentimentos que ninguém, talvez nem mesmo ele, imaginasse ter. O executado foi uma pessoa covarde e fraca que matou e violentou para provar ao seu parceiro que era digno de sua companhia. E tornou-se... Sua maior punição foi o arrependimento sentido no instante final, que o julgou, condenou e executou, nas leis de sua consciência.
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